
Nesta quarta-feira, 28 de maio, é celebrado o Dia Internacional da Higiene Menstrual, data estabelecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para ampliar a conscientização sobre um direito ainda negado a milhões de mulheres e meninas no mundo. No Brasil, o cenário é alarmante: segundo o relatório Livre Para Menstruar, elaborado pela Girl Up Brasil, mais de 1,5 milhão de mulheres não possuem banheiro em casa. Além disso, cerca de 7,5 milhões de meninas em idade escolar convivem com escolas sem estrutura mínima, sem produtos de higiene e sem o adequado à informação.
Para marcar a data, a Girl Up Brasil lança o documentário Livre Para Menstruar, que retrata o maior movimento de meninas por direitos já registrado no país. A mobilização resultou no protocolo de mais de 50 projetos de lei sobre dignidade menstrual, impactando políticas públicas em diversos estados e municípios. O filme, produzido em parceria com a Maranha Filmes, acompanha a trajetória de adolescentes organizadas em clubes promovidos pela Girl Up, que transformaram a indignação com a pobreza menstrual em ação política concreta.
Assista ao documentário:
Apesar da aprovação da lei nacional que garante a distribuição gratuita de absorventes, a realidade ainda está distante da dignidade plena. O mesmo relatório indica que mulheres entre os 5% mais pobres do país precisam trabalhar até quatro anos apenas para custear absorventes ao longo da vida. A desigualdade afeta diretamente a saúde, a educação e a qualidade de vida das mulheres no Brasil.
Para minimizar essa desigualdade, o governo federal criou, em 2024, o Programa Dignidade Menstrual, que, em seu primeiro ano, beneficiou 2,1 milhões de pessoas em situação de vulnerabilidade ou baixa renda, com a distribuição de 240,3 milhões de absorventes. A iniciativa, que atende a uma faixa etária entre 10 e 49 anos, contou com investimento de R$ 119,7 milhões e visa garantir o o contínuo a esse item básico de higiene.
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“Essa história ressignifica o que é ser menina: não é sobre ingenuidade ou doçura, mas sobre força, coragem e liderança na construção de uma sociedade justa. E quando nos unimos, o país muda”, afirma Júlia Reis, líder regional da Girl Up Brasil. A rede já conta com mais de 250 clubes ativos em todos os estados do país, conectando meninas que desenvolvem ações locais, campanhas de conscientização e iniciativas políticas.