
Manter a rotina de exercícios físicos, fortalecendo a massa muscular, ajuda as mulheres no tratamento de combate ao câncer de mama, segundo estudo da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP), com apoio da FAPESP. A pesquisa mostra que a baixa musculatura prejudica aquelas pacientes, que respondem menos à quimioterapia e à radioterapia. Também apresentam mais riscos de complicações e recuperação mais lenta. Isso ocorre porque os músculos desempenham um papel essencial no metabolismo, regulando a resposta inflamatória e a absorção de medicamentos.
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A nutricionista Mirele Savegnago Mialich Grecco, autora do artigo e pesquisadora do Departamento de Ciências da Saúde da FMRP-USP, disse que mulheres com câncer de mama estão predispostas à perda de massa e ao comprometimento da qualidade muscular, assim como a diminuição da força durante o tratamento. Essas alterações podem contribuir para levar à morte.
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Utilizando exames de tomografias computadorizadas de tórax, que fazem parte do tratamento de rotina para esses pacientes, os pesquisadores coletaram uma amostra de imagens da região lombar (especificamente da vértebra L3) para analisar a quantidade e a qualidade da massa muscular em mulheres com câncer antes de iniciarem quimioterapia ou outros tratamentos. Cinco anos depois, foram revisados os prontuários médicos dessas pacientes para verificar a mortalidade durante o período, mostrando que mulheres com câncer de mama não metastático e baixa massa muscular apresentaram uma taxa de sobrevivência significativamente menor do que aquelas com massa muscular normal.
No Brasil, o câncer de mama é uma das principais causas de morte por câncer entre mulheres. No Brasil, o Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima cerca de 74 mil novos casos da doença por ano e 18 mil mortes entre 2023 e 2025. De acordo com o estudo, a prevalência de baixa massa muscular entre pacientes com câncer varia amplamente, de 38% a 70%. Especificamente para o câncer de mama, os estudos relatam uma prevalência próxima a 40%. Os resultados da pesquisa foram publicados na revista Discover Oncology.
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Para a pesquisa, foram reunidas 54 pacientes no Ambulatório de Mastologia do Hospital das Clínicas, hospital geral e de ensino da FMRP-USP, referência regional no país. Todas tinham diagnóstico de câncer de mama em estágio inicial e foram encaminhadas para quimioterapia. Antes do início do tratamento, foram submetidas a avaliações antropométricas, bioimpedância e tomografias computadorizadas com análise da terceira vértebra lombar. Também fizeram testes de função física, como força de preensão palmar e velocidade da marcha, além de exames de sangue.
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