Música

Ana Cañas lança "Vida Real", álbum autoral após sucesso com tributo a Belchior

Ao Correio, Ana Cañas fala sobre o novo disco, Vida real, discute amor, Belchior e o orgulho da caminhada

Ana Cañas vive nova fase muito mais pessoal -  (crédito: Fernando Furtado/Divulgação)
Ana Cañas vive nova fase muito mais pessoal - (crédito: Fernando Furtado/Divulgação)

 Após 180 shows entoando os clássicos sucessos de Belchior, Ana Cañas decidiu cantar os próprios sentimentos. A artista abriu o coração e juntou músicas de várias fases da própria vida para confeccionar o álbum Vida real, um relato sobre a própria vivência em gêneros diferentes e com convidados especiais como Ney Matogrosso e Ivete Sangalo.

Em 11 faixas e 37 minutos, o disco conta a história de uma artista que está há muito tempo no meio, mas que chegou a um patamar mais alto por meio das interpretações de outros artistas. Além de Belchior, a cantora também investiu em Cazuza e em grandes nomes da Black Music, mas chegou a hora de se abrir para o público que a acompanha. 

“Vamos para outra caminhada agora com o autoral. Porque também vamos tentar trazer esse público que foi conquistado com o Belchior. Vamos ver se o pessoal abraça o autoral e gosta das músicas”, diz Ana em entrevista ao Correio. A cantora acredita que é um movimento natural e necessário para aproveitar o sucesso que tem feito. “Estamos na fase 2”, crava.

Nesse novo momento,ela decidiu que a melhor forma de trazer o público para perto seria sendo verdadeira. Se as pessoas gostaram dela se mostrando vulnerável nos shows, iam querer entender melhor quem era aquela cantora que adaptou tão bem as palavras de Belchior. “Elas são todas músicas biográficas, são todas coisas vividas. Isso foi algo que amalgamou o disco, por isso o título Vida Real, porque são todas experiências”, conta.

Para encontrar esses sentimentos que queria compartilhar, Ana abriu o baú de memórias e de composições. Afinal, não é possível entender uma pessoa pela fase que vive. Para a artista se tornar a vencedora do prêmio de Melhor show do ano da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) , ela precisou ar por um longo caminho. “São canções que estão guardadas há muito tempo”, revela. Porém, a atualidade está presente. “As canções estão misturadas com algumas foram feitas ao longo do disco, conforme eu fui entendendo o que faltava”, complementa.

“Parecia que tinha uma voz no ouvido dizendo para mim assim: ‘Ana, cante o que você vive’”, conta a artista que agora vive as possibilidades que esse trabalho traz. Ela estreou o show Trovadora, apenas voz e violão, esgotando um teatro no Rio de Janeiro e já tem mais de 20 datas marcadas pelo país anunciadas daqui até o final do ano, sem contar com ilustre abertura do show da Alanis Morissette em Curitiba. “Parece sonho de menina. Eu fico até emocionada, porque eu dou muito valor pra isso, de verdade. Então, eu queria que o meu disco refletisse o que sou”, comemora a cantora.

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Ana percebe que falar a verdade e colocar o público na vida real que viveu todos esses anos, fez do disco um retrato sincero e profundo. Os anos que morou em pensionato, dividiu marmitas para se alimentar e entregou panfletos na rua foram revertidos em uma potência sonora única, que apenas ela poderia cantar. “Sem dúvida é o disco mais pessoal da minha carreira, por questões de maturidade também”, avalia.

Uma nova Ana

Não é só a aposta na música autoral que é uma mudança no curso recente da carreira da artista. Ela entendeu mais o caminho e tem feito tudo de forma diferente. Desde a posição artística dela, a forma como se enxerga no mundo, até os cuidados com a saúde. “Foi uma caminhada muito dura. Para eu começar finalmente a entender o que é ser mulher na música, o que é ter responsabilidade com o público e estar bem para às vezes fazer cinco shows seguidos com consciência até da saúde”, afirma.

Foi uma turnê muito intensa cantando Belchior. Ana aprendeu a fazer lives, teve que atuar no aluguel de casas de show e eou pelo Brasil da forma menos glamurosa possível. Com pouco tempo e muita demanda, até o chão de aeroporto se tornou uma cama aconchegante para a cantora. “Não tem como eu não ter sido transformada por isso”, destaca a cantora.

No entanto, foi graças a esse esforço que ela construiu um novo caminho para trilhar e criar. “Tenho orgulho do que eu estou construindo. Sou muito feliz. De ser mulher na música. Abraço essa responsabilidade de forma aguerrida, porque é um lugar de representatividade real. Acho que boa parte do meu público é de mulheres, são mulheres, e tem um impacto”, pondera.

postado em 26/05/2025 04:47
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