
Neste verão, Lorde rompe um silêncio musical de quatro anos com o lançamento de Virgin, seu aguardado quarto álbum de estúdio. Com data marcada para 27 de junho, o projeto chegará às plataformas pelas gravadoras Universal Music New Zealand e Republic Records, marcando um novo capítulo na carreira da artista neozelandesa.
Apresentado ao mundo com o single “What Was That”, lançado em 24 de abril, Virgin promete um mergulho transparente e cru na intimidade de Lorde. A faixa, carregada de energia synth-pop e lirismo confessional, ganhou um videoclipe filmado de forma espontânea no Washington Square Park, em Nova York — onde fãs tomaram as ruas até serem dispersados pela polícia, evidenciando o impacto de seu retorno.
Um disco que abandona antigas fórmulas
Diferente dos trabalhos anteriores, Virgin não conta com a presença do produtor Jack Antonoff, parceiro criativo nos álbuns Melodrama (2017) e Solar Power (2021). Desta vez, a produção ficou por conta de nomes como Jim-E Stack, Fabiana Palladino, Andrew Aged, Buddy Ross, Dan Nigro e Dev Hynes (Blood Orange). Stack e Hynes também acompanharão Lorde na turnê Ultrasound, que divulgará o novo álbum.
A estética e o conceito
A capa de Virgin provocou debates e elogios ao exibir uma radiografia pélvica feminina com um DIU visível, adotando tons azulados e um estilo clínico e simbólico. É a primeira vez desde Pure Heroine que a cantora opta por ocultar seu rosto na arte do álbum — uma decisão alinhada à proposta de introspecção e análise corporal que permeia o projeto.
Segundo a própria Lorde, Virgin é “100% escrito com sangue” e foi concebido a partir de um lugar de autorreflexão radical. Em um texto publicado em seu site, ela descreveu a obra como “transparente como água de banho, gelo ou saliva”, enfatizando a busca por clareza emocional, sonora e linguística.
Corpo, identidade e transformação
Durante o processo de criação, Lorde enfrentou questões pessoais profundas. Em entrevista ao Document Journal, ela revelou ter lidado com transtornos alimentares e uma relação conflituosa com seu corpo, que influenciaram diretamente o conteúdo do álbum. “Este disco é resultado de um trabalho contínuo para habitar plenamente meu corpo e reconhecer meu poder”, afirmou.
O trabalho também aborda temas de gênero com franqueza inédita. Em conversas com a Rolling Stone, a artista discutiu sua fluidez de identidade, revelando que faixas como “Man of the Year” e a abertura do álbum exploram essas vivências. “Sou uma mulher, exceto nos dias em que sou homem”, declarou, destacando a complexidade da questão.
Letra sem filtro e som corporal
Virgin promete letras cortantes e imagens corporais explícitas, que desafiam limites e confortos. A artista contou à Rolling Stone que quis capturar a “natureza grotesca e gloriosa” do corpo, incluindo versos como “você provou minha calcinha” — uma honestidade desconcertante que reforça a proposta visceral do projeto.
A sonoridade também reflete esse conceito, com uma abordagem percussiva e rítmica pensada para impactar o corpo antes do intelecto. “Desta vez, eu disse a mim mesma: ‘Seja direta. Seja simples. Veja o que acontece’”, contou.
A inspiração inesperada
Uma influência decisiva para a finalização do álbum veio de uma colega de cena pop: Charli XCX. Segundo Lorde, a ousadia de Brat, novo trabalho da britânica, serviu como impulso criativo. “Charli definiu tão bem o conceito de seu disco que me senti desafiada a fazer o mesmo com o meu”, confessou em entrevista à BBC Radio 1.