EMERGÊNCIA SANITÁRIA

Foco de gripe aviária em MG foi detectado em fazenda de frutas exóticas

Três aves ornamentais da propriedade apresentaram sintomas e uma delas testou positivo. Tratadores e funcionários devem entrar em quarentena

Contaminação, em Mateus Leme, de um cisne negro por gripe aviaria faz governo decretar estado de emergência sanitária -  (crédito: Canva)
Contaminação, em Mateus Leme, de um cisne negro por gripe aviaria faz governo decretar estado de emergência sanitária - (crédito: Canva)

Mateus Leme  —  O foco de gripe aviária em Minas Gerais foi detectado a partir de sintomas apresentados por três aves exóticas de nomes científicos Anser anser (ganso), Pavo Cristatus (pavão-comum) e Cygnus atratus (cisne-negro) pertencentes a uma fazenda de 280 hectares na zona rural de Mateus Leme, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, a cerca de 60 quilômetros da capital.

Ao todo, de acordo com o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), já foram identificados 169 focos da doença no Brasil. O Mapa define esses pontos onde a gripe aviária foi identificada como “uma unidade epidemiológica na qual foi confirmado pelo menos um caso da doença”. 

No caso de Mateus Leme, o cisne-negro testou positivo depois de apresentar, juntamente com as outra aves exóticas da propriedade rural, sintomas da doença. A ave veio a falecer. Os primeiros sintomas surgiram há 15 dias.

Os tratadores gravaram um vídeo e enviaram para a Prefeitura de Mateus Leme que encaminhou as imagens para o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) e para a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) para testagem. O resultado positivo foi confirmado nessa segunda-feira (26/5) e a prefeitura comunicada na manhã desta terça-feira (27/5), via e-mail, da existência de um foco no município que fica a cerca de 20 quilômetros de um dos maiores polos de produção de aves do estado, a cidade de Pará de Minas.

A fazenda onde o foco foi localizado não é produtora de aves e os animais infectados são decorativos. Ela produz lichia, seu principal cultivo, e também manga, banana, castanhas, goiaba, abacate, laranja, jabuticaba além de várias outras frutas nativas e exóticas. 

A reportagem esteve na sede da fazenda, mas nenhum dos proprietários ou funcionários foi localizado para comentar as medidas sanitárias que serão adotadas. Na hora em que o Estado de Minas esteve no local, funcionários do IMA e da Secretaria de Estado da Saúde estavam no estabelecimento, cuja sede é cercada por muros altos e forte vigilância, reunidos com a gerência do estabelecimento. 

Em entrevista ao Estado de Minas, o prefeito de Mateus Leme, Renilton Coelho (Republicanos) disse que a cidade tem algumas poucas granjas, ele não soube precisar o número exato, e uma incubadora de aves, mas não é a atividade principal do município. Ele destacou que não há risco para a população e disse aguardar mais detalhes do IMA e do MAPA sobre se haverá ou não barreiras sanitárias. “Esse parte é de responsabilidade desses órgãos”, destacou o prefeito.

Segundo ele, não há também motivo de alerta entre a população, pois os casos são isolados e o risco de contágio em humanos é bastante raro. 

“Os tratadores dessas aves serão avaliados, vão entrar em uma espécie de quarentena. Avaliar alguns contatos deles e ver quais as medidas necessárias a serem tomadas". A suspeita, de acordo com Coelho, é que a contaminação tenha ocorrido por aves migratórias. 

Questionado se há riscos para o incubatório de aves de um grande produtor avícola nacional, que existe na cidade há 20 anos e que produz pintinhos para granjas de frango de corte, Coelho disse que aguarda instruções do IMA.

Isolamento

As pessoas que trabalham diretamente com os animais infectados e os funcionários da produção agrícola da fazenda deverão ficar dez dias confinados. São cerca de 12 pessoas. 

O secretário municipal de Saúde de Mateus Leme, Wagner Barbalho, não soube dizer se eles ficaram isolados dentro da fazenda ou em suas casas. Até a publicação desta reportagem, ele aguardava as orientações da SES, que também foi procurada pela reportagem, mas não respondeu quais seriam as medidas sanitárias adotadas no caso das pessoas que tiveram contato direto e indireto com os animais. 

“O município de Mateus Leme vai acompanhar as pessoas que tiveram contato com as aves, que são os funcionários da fazenda e os trabalhadores da produção de lichia. Provavelmente amanhã (nesta quarta-feira, 28/5) deve sair um cronograma do IMA com as orientações que teremos que fazer e bloqueio ou não. Nesse momento, o pessoal do IMA ainda está na fazenda”, afirmou.

Ele cobrou do governo do estado informações em tempo real, para que o município possa atuar no que é sua responsabilidade, que são as medidas sanitárias para evitar a contaminação de humanos. “A gente precisa de informações para orientar os produtores rurais e a população. Por isso, estamos pedindo ao governo do estado que a gente possa ser informado do que realmente é fato dentro das ações do IMA e da Secretaria de Agricultura para que possamos acompanhar”, destacou. 

O funcionário de uma das granjas da cidade, que preferiu não se identificar, descartou riscos para o empreendimento. Segundo ele, a cidade tem poucas granjas e a que ele trabalha é responsável apenas por distribuir aves para os criatórios da região. A reportagem não consegui contato com funcionários do incubatório. 

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AM
postado em 28/05/2025 08:59
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