
No dia em que os líderes dos dois países mais ricos do planeta conversaram por telefone, o mercado ficou mais cauteloso com a espera de possíveis anúncios que não vieram, nem do lado dos Estados Unidos, de Donald Trump, nem pela China, de Xi Jinping. No Brasil, o dólar perdeu 1,05% de valor comercial e encerrou esta quinta-feira (5/6) cotado a R$ 5,58 – o menor fechamento desde o dia 10 de outubro de 2024.
De acordo com a agência oficial de notícias da China Xinhua, a conversa entre Xi Jinping e Trump ocorreu a pedido do presidente norte-americano. Em publicação na rede Truth Social, o republicano confirmou o telefonema e destacou que o assunto principal foram as “complexidades” da escalada tarifária entre os dois países. Também destacou que a conversa durou cerca de uma hora e meia e resultou em uma “conclusão muito positiva para ambos”.
Durante a tarde, Trump disse a jornalistas que as conversas com o governo chinês estão “em boa forma” e que devem seguir em andamento. Ainda por meio de rede social, o presidente dos EUA sinalizou que deve ocorrer uma reunião, em breve, com representantes dos dois países, em local ainda indefinido.
“Seremos representados pelo secretário do Tesouro, Scott Bessent, pelo secretário do Comércio, Howard Lutnick, e pelo representante comercial dos Estados Unidos, Jamieson Greer”, escreveu.
Além do conflito internacional, a cautela também se deve à espera dos dados do mercado de trabalho norte-americano, pelo payroll, que será divulgado nesta sexta-feira (5/6). A pesquisa, sempre muito aguardada pelo mercado, pode trazer dados mais fracos para a geração de emprego no país, na avaliação do analista de investimentos, Felipe Sant’Anna. “O mercado de trabalho dos Estados Unidos está muito pressionado, a criação de vagas está muito pequena e o número de pedidos de seguro-desemprego veio muito alto”, considera.
Bolsa de valores
Enquanto o real se valorizou ante do dólar, com o noticiário doméstico mais ameno, o Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa/B3) perdeu força no final do pregão e fechou o dia em queda de 0,56% aos 136.236 pontos. O movimento foi intensificado, principalmente, pelos grandes bancos, que fecharam com amplas perdas, com Bradesco liderando as baixas (-2,92%), seguido por Itaú (1,22%) e Banco do Brasil (0,49%).
Após mais um dia de queda do Ibovespa, Sant’Anna acredita que o índice pode perder ainda mais força nos próximos dias, após ter superado a casa dos 140 mil pontos há pouco tempo. “A bolsa brasileira perdeu aquele gás, perdeu aquela força das últimas semanas que estava batendo topo histórico em cima de topo histórico. Então, a gente deve ficar de olho aí em uma realização que pode continuar, sim, buscando a casa dos 130 mil pontos”, conjectura.