{ "@context": "http://www.schema.org", "@graph": [{ "@type": "BreadcrumbList", "@id": "", "itemListElement": [{ "@type": "ListItem", "@id": "/#listItem", "position": 1, "item": { "@type": "WebPage", "@id": "/", "name": "In\u00edcio", "description": "O Correio Braziliense (CB) é o mais importante canal de notícias de Brasília. Aqui você encontra as últimas notícias do DF, do Brasil e do mundo.", "url": "/" }, "nextItem": "/opiniao/#listItem" }, { "@type": "ListItem", "@id": "/opiniao/#listItem", "position": 2, "item": { "@type": "WebPage", "@id": "/opiniao/", "name": "Opinião", "description": "Leia editoriais e artigos sobre fatos importantes do dia a dia com a visão do Correio e de articulistas selecionados ", "url": "/opiniao/" }, "previousItem": "/#listItem" } ] }, { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": "/opiniao/2025/05/7154094-educar-para-reparar-um-curso-para-ensinar-o-brasil-a-ser-justo.html", "name": "Educar para reparar: um curso para ensinar o Brasil a ser justo", "headline": "Educar para reparar: um curso para ensinar o Brasil a ser justo", "description": "", "alternateName": "Artigo", "alternativeHeadline": "Artigo", "datePublished": "2025-05-24T06:07:00Z", "articleBody": "<p class="texto"><strong>RICHARD SANTOS</strong>, docente da Universidade Federal do Sul da Bahia, coordenador do Grupo de Pesquisa Pensamento Negro Contemporâneo</p> <p class="texto">Escrevo este texto como convite e provocação: é possível ensinar um país a ser mais justo? É possível formar pessoas para que compreendam o orçamento público, enfrentem o racismo e ajudem a reconstruir a democracia brasileira de baixo para cima? Com base na minha trajetória e na experiência coletiva de muitos que resistem e sonham, nasceu o projeto Educar para reparar: orçamento público e educação antirracista. Um curso, sim. Mas também um manifesto, um caminho de volta para o Brasil que ainda pode ser.</p> <p class="texto">No Brasil de 2025, país marcado por desigualdades históricas e profundas, o projeto surge como uma iniciativa inédita e urgente. Idealizado por um coletivo de pessoas negras e insurgentes e coordenado por mim, professor da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) e coordenador do Grupo de Pesquisa Pensamento Negro Contemporâneo (GP-PNC), o projeto é fruto de uma parceria com a União de Negras e Negros pela Igualdade (Unegro) e tem apoio institucional da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão (Secadi), do Ministério da Educação (MEC). É uma resposta à necessidade de transformar a educação em ferramenta concreta de justiça, democracia e cidadania.</p> <p class="texto">Ao longo da minha trajetória — que, com o nome Big Richard, ei pela cultura hip-hop, pelos estúdios de televisão e, hoje, ocupo a sala de aula e o campo da pesquisa — compreendi que o racismo não é apenas uma violência simbólica. É um sistema que organiza o orçamento público, que distribui (ou nega) direitos e que naturaliza o abismo social brasileiro. Por isso, Educar para reparar nasce da urgência de fazer da educação um instrumento de reequilíbrio das contas históricas de um país que foi fundado sobre a injustiça.</p> <p class="texto">O curso, de caráter nacional e extensão universitária, está estruturado em cinco módulos. Neles, combinamos teoria crítica, escuta comunitária, rodas de diálogo e atividades práticas de letramento orçamentário popular. Nosso objetivo é formar cidadãs e cidadãos que compreendam como o dinheiro público é planejado, aplicado e fiscalizado — e como essa compreensão pode se converter em ação transformadora.</p> <p class="texto">E mais: não caminhamos sozinhos. Teremos como professores convidados nomes como Ynaê Lopes dos Santos, historiadora da Universidade Federal Fluminense (UFF), Thiago de Souza Amparo, jurista e professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), e Olgamir Amância Ferreira, educadora da Universidade de Brasília (UnB) e referência nas políticas públicas voltadas à equidade. São pessoas comprometidas com a formação crítica e com o Brasil real, aquele que se constrói nas periferias, nas comunidades quilombolas, nas aldeias, nas redes de educação popular.</p> <p class="texto">A metodologia do curso é pensada a partir das epistemologias do Sul Global: valorizamos os saberes negros, indígenas e decoloniais, e os cruzamos com reflexões contemporâneas sobre democracia, direitos humanos e justiça econômica. Nosso referencial é também político e afetivo: mobilizamos autores como Sueli Carneiro, Clóvis Moura, Frantz Fanon, Lélia Gonzalez, Achille Mbembe, Angela Davis, Virginia Bicudo e Boaventura de Sousa Santos, mas também escutamos os mestres do cotidiano — as mulheres negras que lideram associações de bairro, os jovens das periferias que criam redes de solidariedade, os povos originários que mantêm viva a sabedoria dos ancestrais.</p> <p class="texto">Diferentemente de formações que falam sobre os sujeitos populares, Educar para reparar fala com e a partir deles. Nosso curso reconhece o Brasil como um território em disputa — e entende que disputar o orçamento é disputar o futuro. Munidos de conhecimento, podemos tensionar a lógica excludente das políticas públicas e construir alternativas baseadas na equidade, na dignidade e na justiça.</p> <p class="texto">Essa proposta não nasceu de gabinetes. Ela brotou do chão, onde a democracia tem sido empurrada para as margens. É o resultado de uma escuta ampla, de um compromisso radical com a reparação histórica e de uma crença profunda na capacidade do povo de se autoeducar, se organizar e reconstruir o país. Como costumo dizer: sem educação, não há reparação; e sem reparação, não há democracia de verdade.</p> <p class="texto">Para acompanhar o projeto, inscrever-se nas próximas turmas ou conhecer mais sobre nossas ações, basta ar o site do Grupo de Pesquisa Pensamento Negro Contemporâneo da UFSB. Porque educar é também lembrar. Reparar é também planejar. E ensinar o Brasil a ser mais justo é tarefa coletiva. Estamos só começando.</p> <p class="texto"> <br /></p>", "isAccessibleForFree": true, "image": [ "https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2022/04/22/1200x800/1_pri_2304_opiniao-7830358.jpg?20250523170630?20250523170630", "https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2022/04/22/1000x1000/1_pri_2304_opiniao-7830358.jpg?20250523170630?20250523170630", "https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2022/04/22/800x600/1_pri_2304_opiniao-7830358.jpg?20250523170630?20250523170630" ], "author": [ { "@type": "Person", "name": "Opinião", "url": "/autor?termo=opiniao" } ], "publisher": { "logo": { "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fimgs2.correiobraziliense.com.br%2Famp%2Flogo_cb_json.png", "@type": "ImageObject" }, "name": "Correio Braziliense", "@type": "Organization" } }, { "@type": "Organization", "@id": "/#organization", "name": "Correio Braziliense", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "/_conteudo/logo_correo-600x60.png", "@id": "/#organizationLogo" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/correiobraziliense", "https://twitter.com/correiobraziliense.com.br", "https://instagram.com/correio.braziliense", "https://www.youtube.com/@correio.braziliense" ], "Point": { "@type": "Point", "telephone": "+556132141100", "Type": "office" } } ] } { "@context": "http://schema.org", "@graph": [{ "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Início", "url": "/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Cidades DF", "url": "/cidades-df/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Politica", "url": "/politica/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Brasil", "url": "/brasil/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Economia", "url": "/economia/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Mundo", "url": "/mundo/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Diversão e Arte", "url": "/diversao-e-arte/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Ciência e Saúde", "url": "/ciencia-e-saude/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Eu Estudante", "url": "/euestudante/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Concursos", "url": "/euestudante/concursos/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Esportes", "url": "/esportes/" } ] } 1f6v4g

Educar para reparar 574s21 um curso para ensinar o Brasil a ser justo
Artigo

Educar para reparar: um curso para ensinar o Brasil a ser justo 2en43

Nosso objetivo com o projeto Educar para Reparar é formar cidadãs e cidadãos que compreendam como o dinheiro público é planejado, aplicado e fiscalizado — e como essa compreensão pode se converter em ação transformadora 1o575i

RICHARD SANTOS, docente da Universidade Federal do Sul da Bahia, coordenador do Grupo de Pesquisa Pensamento Negro Contemporâneo

Escrevo este texto como convite e provocação: é possível ensinar um país a ser mais justo? É possível formar pessoas para que compreendam o orçamento público, enfrentem o racismo e ajudem a reconstruir a democracia brasileira de baixo para cima? Com base na minha trajetória e na experiência coletiva de muitos que resistem e sonham, nasceu o projeto Educar para reparar: orçamento público e educação antirracista. Um curso, sim. Mas também um manifesto, um caminho de volta para o Brasil que ainda pode ser.

No Brasil de 2025, país marcado por desigualdades históricas e profundas, o projeto surge como uma iniciativa inédita e urgente. Idealizado por um coletivo de pessoas negras e insurgentes e coordenado por mim, professor da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) e coordenador do Grupo de Pesquisa Pensamento Negro Contemporâneo (GP-PNC), o projeto é fruto de uma parceria com a União de Negras e Negros pela Igualdade (Unegro) e tem apoio institucional da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão (Secadi), do Ministério da Educação (MEC). É uma resposta à necessidade de transformar a educação em ferramenta concreta de justiça, democracia e cidadania.

Ao longo da minha trajetória — que, com o nome Big Richard, ei pela cultura hip-hop, pelos estúdios de televisão e, hoje, ocupo a sala de aula e o campo da pesquisa — compreendi que o racismo não é apenas uma violência simbólica. É um sistema que organiza o orçamento público, que distribui (ou nega) direitos e que naturaliza o abismo social brasileiro. Por isso, Educar para reparar nasce da urgência de fazer da educação um instrumento de reequilíbrio das contas históricas de um país que foi fundado sobre a injustiça.

O curso, de caráter nacional e extensão universitária, está estruturado em cinco módulos. Neles, combinamos teoria crítica, escuta comunitária, rodas de diálogo e atividades práticas de letramento orçamentário popular. Nosso objetivo é formar cidadãs e cidadãos que compreendam como o dinheiro público é planejado, aplicado e fiscalizado — e como essa compreensão pode se converter em ação transformadora.

E mais: não caminhamos sozinhos. Teremos como professores convidados nomes como Ynaê Lopes dos Santos, historiadora da Universidade Federal Fluminense (UFF), Thiago de Souza Amparo, jurista e professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), e Olgamir Amância Ferreira, educadora da Universidade de Brasília (UnB) e referência nas políticas públicas voltadas à equidade. São pessoas comprometidas com a formação crítica e com o Brasil real, aquele que se constrói nas periferias, nas comunidades quilombolas, nas aldeias, nas redes de educação popular.

A metodologia do curso é pensada a partir das epistemologias do Sul Global: valorizamos os saberes negros, indígenas e decoloniais, e os cruzamos com reflexões contemporâneas sobre democracia, direitos humanos e justiça econômica. Nosso referencial é também político e afetivo: mobilizamos autores como Sueli Carneiro, Clóvis Moura, Frantz Fanon, Lélia Gonzalez, Achille Mbembe, Angela Davis, Virginia Bicudo e Boaventura de Sousa Santos, mas também escutamos os mestres do cotidiano — as mulheres negras que lideram associações de bairro, os jovens das periferias que criam redes de solidariedade, os povos originários que mantêm viva a sabedoria dos ancestrais.

Diferentemente de formações que falam sobre os sujeitos populares, Educar para reparar fala com e a partir deles. Nosso curso reconhece o Brasil como um território em disputa — e entende que disputar o orçamento é disputar o futuro. Munidos de conhecimento, podemos tensionar a lógica excludente das políticas públicas e construir alternativas baseadas na equidade, na dignidade e na justiça.

Essa proposta não nasceu de gabinetes. Ela brotou do chão, onde a democracia tem sido empurrada para as margens. É o resultado de uma escuta ampla, de um compromisso radical com a reparação histórica e de uma crença profunda na capacidade do povo de se autoeducar, se organizar e reconstruir o país. Como costumo dizer: sem educação, não há reparação; e sem reparação, não há democracia de verdade.

Para acompanhar o projeto, inscrever-se nas próximas turmas ou conhecer mais sobre nossas ações, basta ar o site do Grupo de Pesquisa Pensamento Negro Contemporâneo da UFSB. Porque educar é também lembrar. Reparar é também planejar. E ensinar o Brasil a ser mais justo é tarefa coletiva. Estamos só começando.

 

Mais Lidas ow5l