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Na segunda música do álbum, intitulada Capítulo 4, Versículo 3, a composição de Mano Brown diz: "A cada quatro pessoas mortas pela polícia, três são negras". Quase 30 anos desde o lançamento da obra, o verso não só é conhecido pelos fãs, mas continua descrevendo a realidade da segurança pública no Brasil. </p> <ul> <li><strong>Leia mais: <a href="/opiniao/2025/06/7163118-pacto-contra-pandemias-precisa-avancar.html" target="_blank">Pacto contra pandemias precisa avançar</a></strong><br /></li> </ul> <p class="texto">Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2024, elaborado com números do ano anterior, mostram que a taxa de mortes decorrentes de intervenções policiais é 289% superior entre os negros em relação aos brancos. 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Visão do Correio 11306o 'Caso isolado' máscara os exageros policiais
Visão do Correio

Visão do Correio: 'Caso isolado' máscara os exageros policiais 4e10

Até quando a sociedade vai aceitar a desumanização de pessoas negras e pobres a partir do reforço de vícios que pouco contribuem para o desenvolvimento da nação? 581g6s

Principal expoente do rap brasileiro, os Racionais MC's, por meio dos seus integrantes, costuma classificar o disco Sobrevivendo no Inferno (1997) como sua "carta de alforria", o momento em que o grupo estourou no cenário da música nacional. Na segunda música do álbum, intitulada Capítulo 4, Versículo 3, a composição de Mano Brown diz: "A cada quatro pessoas mortas pela polícia, três são negras". Quase 30 anos desde o lançamento da obra, o verso não só é conhecido pelos fãs, mas continua descrevendo a realidade da segurança pública no Brasil. 

Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2024, elaborado com números do ano anterior, mostram que a taxa de mortes decorrentes de intervenções policiais é 289% superior entre os negros em relação aos brancos. Enquanto o país registra 3,5 óbitos de negros pelas mãos da polícia, a cada 100 mil habitantes, o mesmo índice para 100 mil brancos fica em 0,9.

A morte da adolescente Victoria Manoelly dos Santos, de 16 anos, em Guaianases, no leste de São Paulo, é representativa para ilustrar a brutalidade policial. Um vídeo obtido a partir da câmera corporal da PM paulista mostra que o policial matou a jovem ao dar uma coronhada no irmão dela, ato que fez a arma disparar. 

No boletim de ocorrência registrado em janeiro, quando o fato aconteceu, o policial afirmou que foi o irmão da vítima quem empurrou a arma, causando o disparo acidental. O vídeo da câmera corporal comprova a contradição. A adolescente foi levada ao hospital, mas não resistiu ao ferimento. A Polícia Civil concluiu que o sargento Thiago Guerra agiu assumindo o risco de matar, e o caso segue correndo na Justiça. 

A morte de Victoria, presenciada também pela mãe, é explicada por diferentes e complexos fatores, mas que exigem uma reflexão a partir de um questionamento básico: qual polícia o Brasil quer para si? Aquela que reproduz os preconceitos da sociedade a partir da ótica do "nós contra eles", o "herói contra o bandido", ou uma polícia capaz de garantir a segurança de todos, sobretudo daqueles em maior vulnerabilidade social? 

É necessário enxergar a morte dessa jovem não como um "caso isolado" cometido por um erro individual do PM. A atitude violenta das polícias, conforme artigo dos psicólogos e pesquisadores André Vilela Komatsu e Efraín García Sánchez, "carrega um componente cognitivo (crenças preconceituosas), um componente afetivo (emoções negativas) e um componente comportamental (predisposição para se envolver em comportamentos negativos)". 

Esses três componentes resultam em duas posições demarcadas pelas corporações policiais no expediente diário: o estereótipo que associa o crime à população negra e pobre, e o conceito de "viés do atirador" — ou seja, "a tendência de a polícia atirar em civis negros com mais frequência do que em civis brancos", indica o texto divulgado na revista da Sociedade Brasileira de Psicologia.

O Brasil mata mais nas favelas do que em outros espaços sociais há décadas. Até quando a sociedade vai aceitar a desumanização de pessoas negras e pobres a partir do reforço de vícios que pouco contribuem para o desenvolvimento da nação? Faz sentido insistir no erro ou vamos pensar em políticas públicas realmente eficientes? Um avanço é justamente a câmera corporal, que, ao menos, serve como peça fundamental para questionar a credibilidade dos boletins de ocorrência.

 

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