
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, questionou Antonio Lorenzo, ex-chefe de gabinete e ex-secretário Executivo no Ministério da Justiça na gestão de Anderson Torres, após a testemunha declarar que a transição de governo havia sido tranquila e feita de acordo com os protocolos oficiais. O magistrado recordou, no entanto, que houve uma série de atos pedindo intervenção militar.
Moraes apontou que no dia da diplomação do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 12 de dezembro de 2022, ônibus foram queimados e prédios públicos, depredados. Também citou a tentativa de invasão na Polícia Federal (PF).
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“No dia seguinte, nenhuma medida foi tomada pelo Ministério da Justiça em relação a esses fatos. E o senhor chegou a fazer a seguinte declaração: ‘assim funciona a esquerda, não é governo, não tem poder nem autoridade alguma sobre a matéria, mas convoca a coletiva, faz estardalhaço e, como sempre, sem resultado prático algum; Brasil rumo a um buraco vergonhoso’. O senhor fez essa declaração?”, perguntou Moraes.
“Sim, ministro. Fiz essa declaração”, respondeu a testemunha. Na ocasião, Flávio Dino, que iria assumir como ministro da Justiça no governo Lula a partir de 1º de janeiro de 2023, fez declarações à imprensa sobre a situação da segurança no país.
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“O senhor considera isso, como secretário executivo, uma transição técnica?”, questionou o ministro. “Não, eu considero que minha opinião pessoal, no calor da emoção, foi carregada demais nas tintas. Porém, como eu gostaria de ressaltar, o senhor colocou muito bem, houve todo esse problema aqui no Distrito Federal e, mal ou bem, o ministério ainda estava com a gente”, comentou.
Moraes voltou a questionar, mais adiante, “o senhor comparou o então presidente à época do TSE, Luís Roberto Barroso, a um ‘adolescente metido a influencer’?”. “Ministro, novamente lá vem a emoção, né, dessas redes sociais”, comentou.
Durante a semana, as testemunhas de Anderson Torres estariam tentando amenizar a ideia de conivência na atuação do ex-ministro com as posições do ex-presidente Jair Bolsonaro.
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Embora o procurador-geral da República, Paulo Gonet, se mantenha cauteloso nos questionamentos, evitando perguntas, o ministro Alexandre de Moraes tem feito intervenções, quando necessário, para lembrar às testemunhas das contradições apresentadas nos depoimentos.