
O uso de muitos medicamentos ao mesmo tempo pode ser necessário em alguns casos, mas essa situação também pode apresentar riscos significativos à saúde. Alguns efeitos colaterais incluem desde confusão mental, interações farmacológicas e quedas até internações. Esse fenômeno tem nome: polifarmácia.
“Polifarmácia é quando uma pessoa usa muitos medicamentos ao mesmo tempo, normalmente cinco ou mais por dia. Isso é comum entre os idosos, que geralmente apresentam diferentes agravos de saúde”, explica o Dr. Filipe Gusman, geriatra da Casa de Saúde São José.
Por que os idosos tomam tantas medicações?
O envelhecimento pode trazer o acúmulo de doenças crônicas como hipertensão, diabetes, artrose, dores crônicas, ansiedade, insônia e depressão. Segundo o Dr. Filipe Gusman, essas condições associadas podem levar ao uso constante de medicações, que algumas vezes são indicadas por profissionais que não sabem que outros médicos já indicaram remédios diferentes.
Além disso, o paciente pode decidir tomar medicamento por conta própria ou, até mesmo, continuar o uso de medicações que foram úteis no ado quando já não são mais necessárias. O consumo de chás, vitaminas e suplementos também podem interferir no tratamento medicamentoso e causar efeitos colaterais. “Nesses casos, vale muito a pena fazer uma avaliação completa com o geriatra, que vai analisar cada remédio e ver o que pode ser retirado ou trocado”, recomenda o médico.

Riscos da polifarmácia
Segundo o geriatra da Casa de Saúde São José, os principais riscos da polifarmácia são:
- Tonturas e quedas, principalmente quando há remédios que baixam a pressão ou causam sono;
- Confusão mental ou perda de memória, que podem ser confundidos com Alzheimer;
- Reações indesejadas (dores no estômago, prisão de ventre, dores musculares, fraqueza, tremores, alergia);
- Internações devido a efeitos colaterais ou uso incorreto dos remédios.
Desprescrição para mais segurança e qualidade de vida
O processo de redução de medicamentos se chama desprescrição, uma prática comum na geriatria para buscar um tratamento mais eficaz e com mais qualidade de vida. “O ideal é que o geriatra revise todos os medicamentos com calma, buscando: eliminar o que não é mais necessário; trocar medicamentos por outros mais seguros; simplificar os horários e doses, para facilitar a adesão ao tratamento; e avaliar interações entre os remédios, evitando combinações perigosas. Não existe remédio para a vida toda”, conclui o Dr. Filipe Gusman.
Por Bernardo Bruno