
O tenente-coronel da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), Rosivan Correa de Souza, que atuou como coordenador de eventos e atividades especiais na Secretaria de Segurança do DF (SSP-DF) durante a gestão de Anderson Torres, afirmou que a Polícia Militar (PM) não estava subordinada à pasta na primeira semana de janeiro de 2023, quando aconteceram os atos golpistas na capital federal. Ele prestou depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quarta-feira (28/5).
A fala reforça a linha das testemunhas de Anderson, que teriam como objetivo desvincular qualquer responsabilização do ex-secretário de Segurança na fatídica semana que deu início ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Incomodado com a declaração, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, pediu a palavra.
“Eu só queria um esclarecimento, tive a impressão de que a testemunha disse logo no início que a PM não estava subordinada à Secretaria de Segurança Pública. É isso?” “Ministro Alexandre, pela ordem, não existe no organograma da Secretaria a relação de subordinação”, interferiu o advogado de defesa. “Não há relação de subordinação do quê, doutor?”, perguntou Moraes. “Há uma relação de vinculação e não de subordinação”, respondeu o advogado, Rafael Viana.
"Secretário de Segurança é uma rainha da Inglaterra aqui", ironiza Moraes em depoimento de testemunha
O ministro então informou que o secretário de Segurança é quem comanda as polícias militar e civil e, após a observação, pediu à testemunha que respondesse à indagação feita por Gonet. “Aqui, no Distrito Federal, como o doutor [Rafael] falou, existe uma vinculação da polícia militar à Secretaria de Segurança Pública, não há realmente essa subordinação direta como em alguns estados do Brasil”, respondeu Rosivan.
“Então o secretário de segurança é uma rainha da Inglaterra aqui?”, perguntou Moraes. “Não diria rainha da Inglaterra, meritíssimo. Mas, assim, atualmente a gente até tem uma vinculação muito mais forte, hoje existe até mais essa questão da subordinação”, insistiu a testemunha. “Só hoje, na época do Anderson não tinha?”, indagou Moraes.
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“Desde que o governador Ibaneis Rocha (MDB) assumiu o governo do Distrito Federal, ele fortaleceu bastante essa vinculação”, disse a testemunha. “O que o senhor define como vinculação?”, perguntou, então, Moraes. “Seria uma certa subordinação”, reforçou a testemunha. Moraes encerrou a conversa e agradeceu a testemunha por comparecer à audiência.
Anderson Torres, réu por sua atuação tanto no Ministério da Justiça quanto na Secretaria de Segurança do Distrito Federal, ainda tem 18 testemunhas para serem interrogadas. A partir desta sexta-feira (30), serão ouvidas as testemunhas de Bolsonaro.